Eu e deus.
Em 1967 meu pai se separou de minha mãe. Eles pertenciam à congregação crista do Brasil, minha mãe ficou com quatro crianças para cuidar, eu com cinco anos, minhas irmãs com onze, treze e quinze anos, as normas rígidas e amoralidade bestial, ridícula, preconceituosa da igreja afastou minha mãe dos cultos. Com muita dificuldade, pelo simples fato de ser mulher teve que traspor barreiras que noventa e nove por cento de mulheres, não transporia, tirou sua saia vestiu uma calça, e foi trabalhar como cobradora de ônibus, pois calça, era o uniforme exigido pela empresa na época, só o fato dela trabalhar na década de sessenta, já era descriminado, ainda mais usando calças e fazendo ”serviço de homem”. Uma mulher evangélica que se viu obrigada a se separar do marido, por atos de pedofilia cometidos por ele, teve que afastar-se da sua fé da sua religião e sozinha criar seus filhos.
Minha mãe nunca, nunca nem um dia se quer me falou de deus. Nunca ouvi minha mãe pronunciar um graças á deus, nunca me falou de religião, ou comentou sobre o assunto.
Só ouvia falar de deus, bíblia, Jesus, nas conversas que eu tinha, com minha irmã mais nova que era ateia. Ouvia-a falar sobre os absurdos do criacionismo, ás barbáries da bíblia e do cristianismo, de cobras falantes e serpentes de varias cabeças.
Por muitos anos meu ateísmo ficou latente, só consegui me declarar ateu depois que vi nas redes sociais que tem muitas, muitas pessoas que pensa com eu. Tive mais acesso a informação, me denominava agnóstico, só para não sofrer preconceitos que ateu sofria e sofrem até hoje. Cresci, amadureci, hoje consigo dizer sou ateu, graças a minha mãe evangélica, minha irmã ateia, minha irmã mais velha que é evangélica, e a deus, por que se ele existisse, eu não era ateu.
Aranha Nogueira